Portugal fará teste em 2023 da semana de trabalho de quatro dias, entenda
O país português vive uma crise de mão de obra e isso faz com que os atuais trabalhadores cumprem mais horas trabalhadas, é o que informa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Com isso, em 2023 Portugal será um laboratório adequado para tentar encontrar o equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida em uma semana de trabalho reduzida para quatro dias.
A combinação de equipes e salários reduzidos com a inflação e carga horária elevadas agravou a saúde mental dos trabalhadores. Os níveis de estresse nos escritórios aumentaram em 2022.
Cerca de 72% dos profissionais trabalham mais de 40 horas semanais (ou períodos acima das oito horas diárias) sem garantia de maior produtividade. Fica atrás apenas do Reino Unido e Irlanda.
A iniciativa deste projeto e objetivos do programa foram publicados pelo governo no fim de 2022. Tem o caráter experimental, será avaliado qual o impacto da redução da carga horária, sem perda de rendimento, na qualidade de vida dos trabalhadores.
Como inspiração o governo acredita que a tecnologia pode impulsionar a evolução dos modelos de trabalho, como foi observado na flexibilização necessária durante as quarentenas para conter a pandemia de Covid-19.
“Do lado dos trabalhadores, as questões do bem-estar, da saúde, do prolongamento da vida ativa e da conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar têm sido objeto de cada vez mais e maior atenção”, explica o texto assinado pelo secretário de Estado do Trabalho, Luís Miguel de Oliveira Fontes.
Já do lado das empresas, a nova estrutura será um ensaio para a verificação da possível redução dos custos de produção e do impacto ambiental, produtividade, qualidade dos serviços e frequência dos trabalhadores.
“O programa-piloto tem início durante o ano de 2023 e consiste na avaliação da implementação da semana de quatro dias, com a correspondente redução do número de horas de trabalho, sem diminuição da retribuição, sendo dirigido às entidades empregadoras e respetivos trabalhadores que a ele queiram aderir voluntariamente”.
O projeto-piloto começa este ano e ficará sob a responsabilidade do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), que dispõe de € 350 mil para financiar os acordos fechados com a Birkbeck University of London e o 4 Day Week Global Foundation para o desenvolvimento do programa e apoio técnico às empresas.
A coordenação técnica do estudo ficará a cargo da equipe designada pela Birkbeck, sob o comando do coordenador Pedro Gomes, autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”.
Caberá ao IEFP fazer a coordenação das empresas que resolverem aderir ao novo modelo. Cerca de 30 organizações de atividades variadas estão interessadas. Mas a expectativa do governo é que o número de companhias cresça até o início do segundo semestre, quando a semana de quatro dias passará a ser testada.
Após o período de testes, e se a avaliação for positiva, será a vez do setor público tentar fazer da sexta-feira o novo sábado. Ou recriar o domingo na segunda-feira.
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