
Itália endurece regras para cidadania: o que muda para descendentes e viajantes?
Se você tem ascendência italiana e pensa em obter um passaporte europeu, é melhor ficar atento às novas regras impostas pela Itália. Recentemente, o governo italiano endureceu as leis de cidadania por descendência, restringindo quem pode solicitar o tão desejado documento.

Essa mudança afeta milhares de pessoas ao redor do mundo, especialmente na América do Sul, onde muitos descendentes de italianos viam a cidadania como uma oportunidade de viver e trabalhar na Europa sem precisar de visto.
O que mudou na cidadania italiana por descendência?
Antes da reforma, qualquer pessoa que conseguisse provar um laço familiar com um ancestral italiano vivo após 17 de março de 1861 poderia pleitear a cidadania. Isso gerou um grande número de solicitações em consulados italianos pelo mundo, levando o governo a reformular as regras. Agora, a cidadania será concedida apenas a descendentes diretos até a segunda geração, ou seja, filhos e netos de cidadãos italianos natos. Se seu bisavô nasceu na Itália, mas seus pais e avós já nasceram fora do país, você não será mais elegível.
De acordo com o Ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, a decisão visa coibir abusos e reduzir a pressão sobre os consulados. O novo sistema será implementado em duas fases: a primeira, que já está em vigor, limita a cidadania às duas primeiras gerações. Em um segundo momento, o governo irá estruturar uma reforma mais abrangente para os requisitos e procedimentos.
Impacto para quem deseja viajar para a Europa sem visto
Muitos descendentes buscavam a cidadania italiana não apenas por uma conexão com suas origens, mas também pelos benefícios de um passaporte europeu. Com um passaporte italiano, é possível viver, estudar e trabalhar em qualquer país da União Europeia sem necessidade de visto, além de acessar mais de 190 países sem burocracia.
Agora, quem não se enquadrar nas novas regras precisará buscar alternativas para permanecer na Europa, como vistos de estudante, trabalho ou outras vias legais para residência. Para brasileiros, por exemplo, ainda existe a possibilidade de permanência na Europa por até 90 dias sem visto, dentro do espaço Schengen, mas para estadias mais longas será necessário um visto específico.
Comercialização de cidadanias e impacto na América do Sul
Um dos fatores que levaram à mudança foi o crescimento expressivo no número de pedidos de cidadania. Entre 2014 e 2024, a população de italianos registrados no exterior saltou de 4,6 para 6,4 milhões. No Brasil, as aprovações aumentaram de 14 mil para 20 mil em um ano, enquanto na Argentina os números passaram de 20 mil para 30 mil.
O governo também identificou um mercado lucrativo de empresas que oferecem serviços para rastrear ancestrais e reunir documentos para os pedidos de cidadania, sobrecarregando prefeituras e consulados. Para combater essa prática, os novos processos serão centralizados em Roma, reduzindo o papel dos consulados no exterior.
O futuro da cidadania italiana e novas possibilidades
Apesar das restrições, o governo reafirma que o princípio do ius sanguinis (direito de sangue) continuará valendo, mas com limites mais rigorosos. As novas regras refletem uma tentativa de equilibrar a concessão de cidadania com a necessidade de evitar abusos.
Se você tem ascendência italiana e deseja obter a cidadania, agora é fundamental revisar sua árvore genealógica e conferir se ainda se enquadra nos novos critérios. Caso contrário, talvez seja a hora de explorar outras possibilidades de visto para quem sonha em viver na Europa. O importante é estar informado e planejar cada passo para garantir uma experiência segura e legal no continente europeu.